Atendimento domiciliar melhora qualidade de vida de doentes crônicos

SAD parque

Passear com a família, ir ao parque, encontrar amigos, ter, enfim, alguma vida social. O que parecia fora de alcance para quem depende de ventilação mecânica virou realidade Maurício Pequin, de 71 anos. Ele é um dos 2,9 mil pacientes atendidos só no primeiro semestre deste ano pelo Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) da Prefeitura de Curitiba.

Como o nome diz, a equipe trabalha diretamente no ambiente onde moram os pacientes, prestando um serviço individualizado. Para Maurício, que tem esclerose lateral amiotrófica, uma doença neurodegenerativa. são feitos cuidados paliativos que melhoram sua qualidade de vida.

“Nós o encorajamos a sair de casa porque ele queria muito e tinha condições”, lembra a enfermeira Graziella Holler.

"É importante reforçar que nem todos os pacientes com necessidade de ventilação mecânica têm a possibilidade de sair de casa. Cada caso precisa ser bem avaliado para evitar riscos", observa o coordenador médico do SAD, Clovis Cechinel.

Adaptação familiar
A nova rotina da família Pequin exigiu organização e planejamento. O carro da família foi adaptado para acondicionar um tubo de oxigênio e respirador portátil, além de uma maleta de emergência com objetos e produtos para uso em eventuais crises.

Os roteiros incluem caminhadas curtas para Maurício não ficar cansado.

“Depois de passear no Parque Barigui com o SAD, ele já foi até na igreja. Ia ficar só uma hora fora de casa. Ficou duas”, conta Ana Lúcia Diedrichs, mulher do paciente.

O apoio do SAD foi decisivo para Maurício ganhar confiança. Segundo Ana Lúcia, ele está sentindo segurança para sair de casa. “A equipe que cuida dele é maravilhosa e não tenho nem palavras para expressar a minha gratidão. Faz toda a diferença na vida do Maurício”, diz ela.

Antes de ser encaminhado ao serviço, ele tinha passado seis meses na UTI do Hospital de Clínicas.

Agradecimento
Este não é o único exemplo de gratidão pelo atendimento. Na semana passada, a equipe do SAD recebeu um quadro da família do ex-paciente José Dybas, que morreu no dia 20 de maio deste ano. "Nos sentimos acolhidos e muito bem assistidos", diz a nota emoldurada. O texto é assinado pela filha de José, Luciane Maria Dybas da Cunha.

José Dybas foi atendido durante quatro meses pelo SAD. Ele tinha atrofia muscular progressiva e também dependia de ventilação mecânica, condição que permitia apenas andar - acompanhado - em volta de casa. "Foi uma emoção receber este quadro. É o reconhecimento ao trabalho da equipe”, disse a gerente do serviço, Mariana Lous.

Causas
Infecções e sequelas de doenças neurológicas são as principais causas de solicitações de acompanhamento pelo SAD. Os pacientes são, na maioria, maiores de 60 anos (79%), com quadros crônicos agudizados. A média de tempo de permanência das equipes com as famílias é de 45 dias.

O SAD conta com 98 profissionais que têm como base o Hospital Municipal do Idoso e que percorrem, todo mês, uma média de 25 mil km para prestar atendimento a pacientes.

A equipe que atende a Maurício, por exemplo, conta com médico, enfermeiro, fisioterapeuta e técnico de enfermagem.

Capacidade
Hoje, o serviço tem capacidade para atender a 600 pacientes por mês. De janeiro a junho deste ano, o atendimento via SAD desocupou 764 leitos em Uinidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais da rede credenciada.

Para ter acesso ao SAD, a família do paciente procura a unidade de saúde mais próxima, onde uma avaliação determina se ele atende aos critérios de inclusão no programa. Pacientes atendidos em UPAs e hospitais da rede credenciada também podem ser indicados pelos médicos ao serviço.