Pacientes do CAPs AD Cajuru têm dia especial no circo

Esta quarta-feira (6) foi um dia especial para os pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) do Cajuru. Eles foram convidados a assistir uma sessão do Circo Vostok, que está em temporada em Curitiba.

Victória*, hoje com 33 anos, conta que a última vez que tinha tido a oportunidade ir a um circo havia sido aos 10 anos de idade. Ela está há cinco meses sem usar crack, época em que começou a realizar o tratamento no Caps AD do Cajuru. “Eu tenho um bebê de 5 meses e eu ‘perdi’ ele. Eu usava álcool e crack, chegava a ficar vários dias na rua só usando a droga. Quando meu bebê nasceu, o Conselho Tutelar levou meu bebê e eu fui encaminhada para a unidade de saúde e, em seguida, para o Caps”.

De acordo com Victória, as atividades sociais promovidas pelo Caps acontecem, em média, uma vez por mês e ajudam muito na recuperação. “Esse tipo de oportunidade é bem importante para a gente, porque mostra que podemos fazer parte da sociedade. Estou muito feliz de estar aqui. Parabéns, prefeitura”.

Segundo Victória, o tratamento está funcionando. “Acho importante dizer para as pessoas que tem, sim, como sair do crack, basta querer. O tratamento do Caps é muito bom. Basta tomar os medicamentos certinho. O apoio da família também ajuda bastante Eu estou lutando muito, um dia de cada vez, porque quero recuperar a minha filha. Graças a Deus, ela já saiu do abrigo e está na casa de parentes”, diz.

João*, de 56 anos, conta que já usou vários tipos de droga, mas o álcool é sempre sua válvula de escape em momentos difíceis na vida, como quando perdeu a esposa ou o pai. Em tratamento no Caps, agora, tenta evitar uma nova recaída. “Essas atividades do Caps nos ajudam a nos distrair o vício”, afirma.

Reinserção social

De acordo com o coordenador do Caps AD Cajuru, o psicólogo Gledson Marcelo Brugnolo, a unidade sempre realiza atividades com o objetivo de reinserção social, com estímulo ao desenvolvimento de habilidades sociais, motora, criatividade e talentos. “Essas atividades têm fundamento ressocializante. Com elas, mostramos aos pacientes que eles podem ter outros estímulos, como fonte de prazer, que não seja a droga”, afirma.

De acordo com o gerente do circo Vostok, Fernando Fischer, 42 anos, as ações sociais, como a realizada hoje, são parte da filosofia da empresa. “Sempre que podemos convidamos e ficamos muito felizes em poder ajudar com o que está em nosso alcance essas pessoas. Os artistas e todos nós, funcionários do circo, ficamos felizes em poder contribuir com a sociedade por meio do nosso trabalho”, comenta.

Para Fischer, o benefício gerado aos pacientes não se encerra ao final da sessão do espetáculo do circo. “Acredito que contribui no processo de reabilitação deles, porque mostra uma outra forma de ver o mundo, faz o despertar para outras coisas”, diz.

*Os nomes são fictícios, para proteger a identidade e a privacidade dos pacientes que estão em tratamento.