Curitiba investe na Atenção Primária em Saúde para garantir o acesso da população ao SUS
A Prefeitura de Curitiba tem focado seus investimentos na área da Saúde visando à garantia do acesso da população a serviços em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo diante do cenário de redução dos investimentos federais e estaduais para a área nos últimos anos. O fortalecimento da Atenção Primária à Saúde – que é justamente o atendimento inicial, na unidade básica – tem sido prioridade desde 2013 e, para isso, uma série de ações vem sendo realizadas.
Desde 2013, foram implantadas 49 novas Equipes de Saúde da Família, totalizando 234 equipes em atuação nas 109 Unidades Básicas de Saúde, além de oito novas equipes de Saúde Bucal, chegando a 164 equipes odontológicas que atuam nas USs. Para dar suporte aos profissionais das unidades básicas, existem hoje 30 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs), que também passaram a contar com mais profissionais (eram 145 em 2012 e hoje são 221) e de novas categorias em sua composição, como pediatra, gineco-obstetra, psiquiatra, geriatra, infectologista, fonoaudiólogo, além dos que já atuavam anteriormente, como nutricionistas, fisioterapeutas, farmacêuticos, psicólogos e profissionais de Educação Física.
Para o secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton, o investimento na Atenção Primária é a principal maneira de melhorar a assistência à saúde, pois são estes profissionais que têm condições de fazer o acompanhamento clínico e efetivo da população. “Claro que contar com uma boa rede hospitalar e de serviços de urgência e emergência bem estruturados é essencial para uma cidade do tamanho de Curitiba. Mas com uma rede básica bem articulada, boa parte dos casos pode ser resolvida nestes equipamentos. Apenas as situações mais críticas ou que exigem serviços mais complexos deveriam ser encaminhadas para outros níveis de assistência”, analisa. Até 2012, a cobertura da Atenção Primária atendia chegava a 47,7% da população de Curitiba. Hoje, está em 59%.
Segundo o secretário, as UPAs 24 Horas estavam se tornando referência de atendimento a muitos usuários do SUS em Curitiba e isso, segundo ele, é preocupante. “Ao procurar um médico apenas numa situação de emergência, o paciente terá seu quadro agudo resolvido momentaneamente. Mas muitos quadros clínicos são resultado do agravamento de condições crônicas que não estão sendo tratadas e é esse o papel da unidade básica: fortalecer o vínculo com o paciente para fazer tanto o tratamento quanto estimular a prevenção da saúde. Desde 2013, estamos conseguindo mudar um pouco essa cultura, a partir de várias ações realizadas pelos Distritos Sanitários para resgatar esses pacientes que só iam às UPAs”, afirma Titton.
A diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde (DAPS), Nilza Faoro, lembra que houve uma valorização das demais categorias profissionais que atuam na Atenção Primária, como é o caso dos profissionais de enfermagem. “O papel clínico do enfermeiro, pelo significativo aumento de suas consultas, contribui para ampliação do acesso e para o fortalecimento do vínculo do usuário com a unidade de saúde”, comenta.
Nilza observa que o aumento do rol dos profissionais que integram o NASF contribuiu para o aumento da capacidade do cuidado das equipes da Atenção Primária. “A maior oferta de serviços oferecidos à população e a aquisição de novos equipamentos vem propiciando um sistema mais resolutivo”.
Estrutura física
Além da ampliação do acesso e a implantação de novas equipes da estratégia Saúde da Família, a Secretaria Municipal da Saúde também vem investindo na estrutura dos equipamentos públicos. Das 109 unidades básicas de Curitiba, 71 passaram por reformas, com recursos provenientes do Programa Requalifica UBS, do Ministério da Saúde, com a complementação de recursos próprios.
Além destas unidades que passaram por reformas, Curitiba ganhou ainda outras quatro unidades de saúde que foram inauguradas no ano passado. São elas: US Sabará, na Cidade Industrial, US Coqueiros e US Nossa Senhora Aparecida, no Sítio Cercado, e US Xaxim, no bairro de mesmo nome. Outras duas unidades de saúde ainda estão em fase de construção, a US Jardim Aliança, no Boa Vista, e US Campo Alegre, no CIC – que terão suas obras retomadas em breve. Somente na Atenção Primária, foram investidos aproximadamente R$ 11,6 milhões na construção de novas unidades de saúde e cerca de R$ 5,6 milhões na reforma e revitalização das já existentes. Além disso, foram investidos R$ 7,8 milhões na construção da UPA Tatuquara, que será entregue ainda este ano.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 Horas de Curitiba também estão passando por esse processo. As UPAs Pinheirinho e Sítio Cercado passaram por reformas entre 2013 e 2014. No final do ano passado, foi a vez da UPA Fazendinha, reaberta no final de março. E, desde o início de abril, a UPA Campo Comprido entrou em processo de reforma. Devido à extensão das obras, a unidade está fechada para o atendimento ao público.
Reorganização
A Secretaria Municipal da Saúde também desencadeou processos de reorganização da rede de serviços da atenção ambulatorial especializada e hospitalar que compõem o SUS Curitiba. A fila para exames e consultas com especialistas na rede pública municipal de saúde de Curitiba foi reduzida em boa parte das áreas em 2015. A redução é resultado de um conjunto de medidas que inclui a reorganização dos encaminhamentos, a partir de uma gestão mais racional, e a ampliação da oferta de consultas.
De acordo com a diretora do Departamento de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, Carmen Moura dos Santos, a redução das filas está relacionada ao aumento da oferta de consultas e exames, qualificação do encaminhamento e inserção de novos serviços na Atenção Primária (unidades básicas de saúde). As filas de espera foram reduzidas nas principais especialidades médicas e em várias especialidades o aumento no número de agendamentos foi bastante expressivo.
O sistema de encaminhamento de pacientes a partir das unidades básicas de saúde também mudou. Carmen fala que hoje as avaliações são contínuas, permitindo que o paciente chegue ao atendimento necessário no tempo oportuno. “Assim, atualmente nenhum paciente em situação prioritária por sua condição de saúde espera muito tempo para ser atendido por um especialista.” Além da avaliação contínua, outra medida que tornou isso possível foi a ampliação do leque de atendimentos na Atenção Primária, para aumentar a resolutividade da unidade básica e, assim, facilitar o tratamento de pacientes que podem fazer todo o tratamento perto de casa.
Toda a rede de saúde mental, composta por 12 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) – além de dois hospitais psiquiátricos conveniados e os leitos contratados em hospital geral – foi reestruturada para ampliar a capacidade de atendimento aos pacientes com problemas de transtornos mentais e dependência química. Hoje, são 64 leitos para acolhimento de pacientes – eram cinco até janeiro de 2013. “Promovemos uma uniformidade entre os serviços oferecidos na rede de saúde mental. Até 2012, os Caps eram terceirizados e a forma de atendimento variava conforme a instituição que o geria. Cada paciente tem um plano terapêutico elaborado e isso é acompanhado por toda a equipe”, explica Titton.
Outra mudança, ressalta o secretário, foi a integração de toda a rede pública para oferecer o tratamento aos usuários dos Caps, que contam com a estrutura das unidades básicas e da rede de urgência e emergência sempre que necessário (UPAs e hospitais). “A implementação de psiquiatras nos Nasfs, atuando em conjunto com os psicólogos, também contribuiu para a qualificação do atendimento ao usuário de álcool e drogas ou portador de transtorno mental na rede de atenção básica do município, promovendo o tratamento desses pacientes dentro do seu contexto social, perto de sua casa, e envolvendo a família em todo esse processo, que é orientado pela Política Nacional de Saúde Mental”, analisa.