Comissão de Urgência, Emergência e Assistência Hospitalar discute segurança nas UPAs

Após várias ocorrências de casos de violência nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Curitiba, a Comissão de Urgência, Emergência e Assistência Hospitalar do Conselho Municipal de Saúde (CMS) pautou o tema em sua reunião do dia 29 de setembro. A reunião contou com a presença de todos os inspetores da Guarda Municipal que trabalham na segurança das UPAs, do coordenador de operações da Defesa Social, Vanderson Cubas, e de coordenadores de UPAs.

Durante a reunião, realizada no Auditório da SMS, os coordenadores das UPAs relataram os casos de violência mais comuns em seus distritos e os guardas municipais também tiveram a oportunidade de comentar sobre a atuação dos mesmos dentro das unidades. Um dos casos que mais chamou a atenção nos últimos meses foi a agressão a uma servidora, ocorrida na UPA do Campo Comprido. Segundo a coordenadora do local, Vanessa Laplechade, recentemente houve a troca de guardas municipais na unidade, já que os anteriores não teriam se adaptado nos postos. “Solicitamos as trocas para melhorar a situação, pois alguns guardas deixavam a desejar no que diz respeito ao apaziguamento do ambiente”, comentou. Para Vanessa, o principal problema é o perfil do profissional que está inserido na unidade. Segundo ela, muitas vezes o guarda não se sente bem de trabalhar em um ambiente voltado ao atendimento em saúde. “O guarda tem que querer estar na UPA, tem que se sentir parte da equipe”, observou.

            Na UPA do Boa Vista foram registrados nove casos de agressões a servidores neste ano, segundo relatou uma das coordenadoras do local, Tania Maas. Ela também reclamou do distanciamento entre as equipes de saúde e os guardas, no entanto, alertou que todos têm buscado ajustes dentro de cada área de atuação. O inspetor Marlon Guerreiro, que atua no Boa Vista, disse que a troca de guardas é frequente, sempre com a intenção de adequar o melhor profissional para atuar na saúde e, consequentemente, melhorar o atendimento nas UPAs. “Não temos dificuldade de diálogo e fazemos as trocas para equilibrar as equipes”, avaliou Guerreiro. Esta é também a visão do Inspetor Airton Machado, que atua em Santa Felicidade (atendendo a UPA Campo Comprido). “Estamos ajustando as equipes gradativamente e resolvendo os problemas”, garantiu.

            Na UPA do Sítio Cercado, onde em menos de um mês foram registrados dois casos de agressão a servidores, também existem dificuldades de adaptação dos guardas. Segundo o coordenador da UPA, Fabrício Cabral, os casos de agressão são, em sua maioria, motivados por conta das filas de espera. “Precisamos encontrar uma forma de diminuir o stress da equipe”, preocupou-se. O inspetor Silvio Aal Junior, do Bairro Novo, comentou que a sala externa na UPA poderá amenizar a situação de agressões. Na UPA da Matriz, onde também ocorrem casos de agressão, os guardas têm conseguido dar uma boa resposta, segundo os coordenadores do local que estiveram presente na reunião.

MEDIDAS PREVENTIVAS SERÃO TOMADAS NAS UPAs

Várias medidas já começaram a ser tomadas nas UPAs por conta da segurança, como explicou a superintendente executiva da SMS, Jane Sescatto, durante a reunião da Comissão de Urgência, Emergência e Assistência Hospitalar do CMS, realizada no dia 29 de setembro. Ela disse que vêm sendo alinhadas junto à Secretaria Municipal de Planejamento, melhorias no monitoramento – como o espelhamento – e a criação dessas salas localizadas próximas às recepções das UPAs. Projetos-pilotos serão feitos nas UPAs do Sítio Cercado e do Cajuru. Jane defende um protocolo, inclusive com capacitação dos conselheiros.  

O protocolo também foi sugestão do inspetor José Carlos Fantinato, do Cajuru. “São necessárias modificações estruturais dentro das UPAs, com restrições de acesso e circulação. “Segurança não se faz somente com guarda. A UPA é como um hospital, é preciso criar uma normativa interna para que algumas mudanças estruturais sejam efetivadas”, defendeu.

O inspetor Vanderson Cubas, coordenador de operações da Defesa Social, avaliou que encontrar guardas com perfil para trabalhar na área de saúde é um desafio, no entanto, concluiu que já se evoluiu muito. “O guarda passa em um concurso difícil, estuda muito, faz curso de formação, mas é difícil ter o perfil para a saúde. Porém, hoje já entendemos melhor o funcionamento das UPAs”, comentou.

Claudia Roman, da UPA da CIC, comentou que tem priorizado a prevenção, com orientação dos pacientes em sala de espera antes mesmo de haver ocorrências que necessitem a atuação dos guardas municipais. Durante a reunião, alguns representantes de UPAs, como Pinheirinho e Fazendinha, por exemplo, relataram que não têm registrado problemas com guardas municipais.

O conselheiro do CMS Mauro Algacir da Costa afirmou que a intolerância é muito séria, e tem que ser discutida em espaços como as reuniões da Comissões. Ele avaliou que as medidas da SMS são interessantes, mas que também é necessário mais medidas de diminuição do afluxo de pessoas nas UPAs, principalmente atuando nas Unidades de Saúde (USs).