Tire suas dúvidas sobre o zika vírus

Com a confirmação pelo Ministério da Saúde da relação entre o zika vírus e o surto de microcefalia na região Nordeste do Brasil, a Secretaria da Saúde de Curitiba está orientando a população sobre o que é a doença e quais os cuidados que devem ser tomados para evitar a instalação do zika vírus na cidade.

Curitiba registrou até agora um único caso de zika vírus, e que foi importado – o paciente tinha viajado para o Nordeste. Portanto, não existe registro de pessoas contaminadas por esse vírus dentro da cidade, nem de microcefalia decorrente do vírus. No entanto, como o transmissor do zika vírus é o mesmo da dengue e da febre chikungunya – o mosquito Aedes aegypti – é preciso que a população reforce os cuidados para evitar a proliferação de criadouros. Este ano, foram identificados na cidade 535 focos do mosquito – um aumento de 60% em relação ao ano passado.

De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, estão sendo analisados 1.248 casos de microcefalia que podem estar relacionados com o zika vírus, em 14 estados e 311 municípios brasileiros. O Paraná e Curitiba não estão incluídos nessa lista.

O que é a microcefalia?

A microcefalia é uma má-formação congênita, na qual o cérebro do bebê não se desenvolve da maneira adequada durante a gestação. O tamanho do perímetro cefálico (medida da cabeça do bebê) deve ser superior a 33 centímetros, para o caso de bebês que nasceram com 37 semanas de gestação ou mais. Para bebês prematuros (nascidos antes de 37 semanas), a conta é diferente.

O que é o zika vírus?

Trata-se de um vírus transmitido pelo mesmo vetor da dengue e da febre chikungunya, o mosquito Aedes aegypti, mas também pode ser transmitido por outros tipos de Aedes, como o A. albopictus. Até surgirem as primeiras suspeitas da relação com os casos de microcefalia, estava sendo considerado uma “doença mais amena” que a dengue, já que os sintomas, apesar de semelhantes aos da dengue, são mais brandos. O vírus foi descrito pela primeira vez em 1952. Já foram identificados casos na África, Sudeste Asiático e Ilhas do Pacífico. No Brasil, o primeiro caso foi notificado em abril deste ano, na Bahia.

É comum um bebê nascer com microcefalia?

Não. Em Curitiba, no ano passado, foi registrado um único caso – entre cerca de 25 mil nascidos vivos. Em todo o Paraná, segundo o Ministério da Saúde, foram registrados nove casos (entre um total de 160 mil nascidos vivos) em 2014 e 147 casos no Brasil todo. (Fonte: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), do Ministério da Saúde.)

Em todos os casos de microcefalia registrados este ano no Brasil as gestantes foram contaminadas pelo zika vírus?

A relação com o zika vírus surgiu este ano, entretanto, a microcefalia pode ter diversas outras causas. Entre elas: doenças adquiridas durante a gestação; consumo de álcool, drogas ou cigarro durante este período; consumo de alguns tipos de medicamentos; entre outras situações.

Quais são os sintomas verificados por quem foi contaminado pelo zika vírus?

Em geral, pessoas infectadas podem apresentar febre, dores nas articulações e no corpo, coceira, olhos vermelhos, além de manchas na pele. Porém, mais de 80% dos casos são assintomáticos, ou seja, o doente não manifesta os sintomas.

Como é feito o diagnóstico para diferenciar da dengue e da febre chikungunya?

O diagnóstico é clínico (com base nos sintomas apresentados) e casos suspeitos serão encaminhados para exames laboratoriais.

Como é feito o tratamento do paciente com zika vírus?

O tratamento do zika vírus é similar ao de outras viroses, recomenda-se repouso e ingestão frequente de líquidos e uso de analgésicos. Não devem ser utilizados aspirina e anti-inflamatórios semelhantes. Mas o paciente deve sempre consultar um médico e evitar a automedicação.

Existem casos de zika vírus em Curitiba?

Até agora, houve apenas um caso importado registrado, no mês de julho. O paciente tinha viajado para o Nordeste. Entretanto, este ano houve um acréscimo de 60% no número de focos do Aedes aegypti em Curitiba, com um total de 535 focos do mosquito identificados. Além disso, foram confirmados 228 casos de dengue, três deles autóctones (em que a pessoa foi contaminada dentro da própria cidade).

Como as mulheres que estão grávidas podem se proteger?

Neste momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes:

- não usar medicamentos que não tenham sido prescritos por profissionais de saúde;

- fazer um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase;

- evitar contato com pessoas com febre, manchas avermelhadas na pele (que podem aparecer em um região específica da pele ou por todo o corpo) ou infecções;

- qualquer alteração durante a gestação deve ser relatada ao médico;

- reforçar as medidas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti;

- consultar seu médico antes de viajar, independentemente do destino ou motivo da viagem, com atenção especialmente para as localidades que estejam registrando casos de zika vírus e também àquelas que apresentem altos índices de casos de dengue.

Que tipos de repelentes as gestantes podem usar sem preocupação?

Há três tipos de repelentes disponíveis no Brasil que podem ser utilizados por gestantes, eles apresentam em sua fórmula os seguintes componentes:

Icaridina (também conhecido como piridina): é o que confere maior tempo de proteção contra insetos, cerca de 10 horas. (Nome comercial: Exposis)

DEET (dietiltoluamida): Gestantes devem escolher os repelentes com DEET na versão para adultos (15%) com 6 horas de duração e não a versão infantil, que tem apenas 6% a 9% do ativo e duração mais curta (2 horas). Nomes comerciais: OFF, Autan, Repelex, entre outros

IR3535: É indicado para crianças de 6 meses a 2 anos. Tem duração muito curta, necessitando de reaplicações a cada duas horas, o que pode deixar a gestante desprotegida em períodos de longa exposição. (Nome comercial: Loção Antimosquito Johnson’s)

Repelentes naturais como citronela e andiroba têm rápida evaporação e portanto um tempo de proteção muito curto, de 10 a 20 minutos. Assim, não são considerados repelentes seguros para gestantes.

Há uma maneira correta para aplicar o repelente?

O repelente deve ser aplicado nas áreas expostas da pele (mãos, braços, pernas, pés, colo) e não é recomendável usá-lo por baixo das roupas. Como o efeito se dá pelo odor, a sobreposição das roupas pode anular o efeito do produto. Também deve ser utilizado após hidratantes, protetores solares e maquiagens. Considerando os diferentes intervalos para reaplicação, recomenda-se usar produtos separados como protetor solar e repelente.

Existe algum período da gestação mais crítico à ação do zika vírus?

Esse estudo ainda está sendo feito pelo Ministério da Saúde, mas, segundo os relatos, acredita-se que o risco seja maior no primeiro trimestre da gravidez, quando está se formando o sistema neurológico do bebê. Mas o cuidado para não entrar em contato com o mosquito é para todo o período gestacional.

O que Curitiba está fazendo para evitar a ocorrência casos em Curitiba?

As atividades de rotina envolvem o monitoramento e controle do mosquito pelos agentes de controle da dengue, ações da vigilância sanitária e visitas domiciliares realizadas pelos agentes comunitários de saúde. Além disso, só no mês de novembro mais de 11 mil pessoas foram orientadas através de ações educativas com a comunidade, como palestras em escolas, igrejas, empresas e supermercados; orientações em sala de espera das unidades básicas de saúde; distribuição de informativo com orientações nas agendas escolares das crianças em Centros de Educação Infantil; mutirões de limpeza.

Como a população pode ajudar no combate ao mosquito?

A participação da população é fundamental no combate ao vetor e começa redobrando os cuidados dentro da sua própria casa.

Algumas dicas são:

- Lavar diariamente o pote de água dos animais de estimação;

- Caso tenha pneus velhos em casa, guarde-os em locais secos e cobertos;

- Garrafas vazias devem ser guardadas com o gargalo virado para baixo;

- Caixas d’água, cisternas e reservatórios devem ser mantidos bem tampados;

- Escorrer a água dos vasos de flores e preencha os pratinhos com areia;

- Manter o lixo ensacado e vedado, até o momento da coleta

*Matéria publicada pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (SMS)