Cerca de 400 pessoas participam do I Encontro de Práticas Integrativas e Complementares
A inclusão das práticas integrativas e complementares em saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância delas para o tratamento de doenças foram alguns dos temas tratados no I Encontro de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde realizado no dia 21 de novembro, no Parque Barigui, em Curitiba. Cerca de 400 pessoas assistiram às palestras e participaram das oficinas e atendimentos oferecidos gratuitamente no Encontro, promovido pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) e pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Foram oferecidos atendimentos de Reiki, Yoga, Massagem Biodinâmica, Acupuntura, Auriculoterapia, Cromoterapia, Avaliação de Chakras e Quick Massage. Nas oficinas estavam as atividades de meditação mindfulness, meditação Osho, Dança Circular, Tai chi chuan, Do-in e Terapia Comunitária.
No atendimento de Massagem Biodinâmica, a agente comunitária Maria de Lurdes Lachi sentiu melhorias em suas dores musculares e de cabeça logo após o atendimento. “Eu também tenho fibromialgia e sinto muitas dores, mas aliviou bastante”, contou. A psicóloga Simone Rodrigues, que fez os atendimentos, explicou que a Massagem Biodinâmica alivia alguns traumas que ficam “presos” no corpo e fazem a contração a muscular, que provoca dores. Após a massagem, essas contrações vão diminuindo e, por consequência, as dores aliviam.
Usuária do SUS, Marciane Biondo contou que morou mais de 20 anos em São Paulo, mas somente em Curitiba pôde conhecer mais de perto as práticas integrativas. No evento, ela participou dos atendimentos do Reike. “É maravilhoso, você se sente leve, parece que está em outro planeta”, brincou. Marciane acredita que as práticas devem fazer parte dos atendimentos do SUS. “Seria muito bom se tivesse, vamos torcer”, comentou. Marli da Rocha, também usuária do SUS, não conhecia nenhuma das práticas integrativas oferecidas no evento. Escolheu fazer um dos atendimentos de Auriculoterapia e acredita que Encontros como este devem ser mais frequentes, além das práticas serem incluídas no SUS. “Achei excelente o atendimento, me senti melhor após a auriculoterapia”, afirmou.
Marta Terra, que ministra cursos de Reike em Curitiba, também participou dos atendimentos. Ela comentou que o Reike aumenta a imunidade, pois diminui dores e até o uso de medicamentos. “Se tivéssemos em unidades de saúde, teríamos muitos benefícios e vantagens para todo o SUS”, alertou.
PRÁTICAS COMPLEMENTARES E INTEGRATIVAS NO BRASIL
A quantidade de municípios que ofertam práticas integrativas, bem como o número de pessoas atendidas, vem crescendo no Brasil. Segundo o coordenador de Áreas Técnicas do Ministério da Saúde, Fabio Fortunato de Carvalho, de janeiro a dezembro de 2015, 1.362 cidades ofertavam as práticas (25%), com quase 528 mil atendimentos realizados. Já de janeiro a agosto de 2016, a porcentagem de municípios com as práticas aumentou para 28,38% (1.582 cidades), sendo 1.721 atendimentos realizados.
As primeiras recomendações para a implantação das medicinas tradicionais e práticas complementares difundiram-se em todo o mundo em 1978. Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde deliberou em seu relatório final pela "introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário o acesso democrático de escolher a terapêutica preferida”. Em 1996, a 10ª Conferência Nacional de Saúde, em seu relatório final, aprovou a "incorporação no SUS de práticas de saúde como a Fitoterapia, Acupuntura e Homeopatia, contemplando as terapias alternativas e práticas populares". A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde já completou dez anos.
Durante o Encontro, o coordenador de Áreas Técnicas do Ministério da Saúde, Fabio Fortunato de Carvalho, fez uma palestra sobre a Política de Práticas Integrativas. Ele contou que no Paraná existem algumas iniciativas, especialmente em Maringá, onde há um projeto de orientação à população sobre o uso de plantas medicinais. Carvalho mostrou também que as práticas estão pulverizadas em todo o país. “Mas acredito que na Região Nordeste as pessoas cobram mais dos governos municipais”, observou. Os dados estatísticos do Ministério da Saúde mostram que a região que mais concentra as práticas é a Nordeste, seguida pelo Sudeste e depois a Sul.
Em Curitiba, há atendimento de Acupuntura e Homeopatia, além de alguns profissionais desenvolverem iniciativas isoladamente. “Estudos já comprovam que estas práticas têm ampla atuação na saúde nos aspectos mais diversos, tanto físicos como emocionais. Mas, infelizmente, a maior parte das práticas está disponível apenas no âmbito particular”, lembra Lisandra Falcão, primeira secretária do CMS e uma das organizadoras do Encontro.
Wilen Heil e Silva, conselheiro do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e representante do Conselho Nacional de Saúde, salientou que a utilização de práticas integrativas vai além da promoção da saúde. “A política nacional nasceu do controle social, do clamor da população”, disse. Ele lembrou que já existem estudos que mostram a diminuição do uso de medicamentos quando o tratamento é feito juntamente com práticas integrativas. Sobre a inclusão destas atividades no SUS, ele comentou sobre os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs).
O secretário municipal da Saúde de Curitiba, César Titton, lembrou da questão do financiamento, que poderia ser um empecilho na implantação das práticas integrativas, embora ele acredite que estes tratamento são de grande valia para a saúde. “Não podemos pensar somente em intervenções de saúde, precisamos olhar mais para a aproximação das secretarias e das políticas nacionais de saúde”, disse. Titton avaliou ainda que as práticas integrativas não cabem apenas na atenção básica, mas também na terapêutica e na reabilitação. “Temos o desafio de formular planos, políticas, e dar sustentabilidade a elas, principalmente no que diz respeito ao financiamento. Também precisamos sair de algumas resistências e ver oportunidades de integração”, afirmou.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ATIVIDADE FÍSICA
Também participaram da abertura do Encontro o presidente do CMS, Adilson Tremura, o secretário municipal de Esporte, Lazer e Juventude de Curitiba, Aluisio de Oliveira Dutra Junior e o secretário municipal do Abastecimento, Marcelo Franco Munaretto. A ideia da integração dos serviços de saúde – alimentação saudável e atividade física – também foram destaque no evento. Nutricionistas da SMAB orientaram os participantes sobre o consumo de açúcar, gordura e sal e os profissionais da SMELJ falaram sobre educação física. O secretário Aluísio comentou sobre a importância da interação e tudo isso para a saúde do indivíduo caminhar de maneira plena. “A integração das práticas esportivas com o sistema de saúde é uma políticas fundamental”, afirmou. O secretário do Abastecimento lembrou que as pessoas são seres complexos, que precisam se sentir plenas para encontrar a felicidade. “É por isso que essa felicidade tem que estar integrada com a saúde”, comentou.
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