Saúde premia jovens por redações sobre gravidez na adolescência

Certificaçaõ

A Rede Mãe Curitibana Vale a Vida, da Secretaria Municipal da Saúde, entregou nesta quarta-feira (29/5) certificados de reconhecimento para nove adolescentes que tiveram redações selecionadas entre 540 inscritas no concurso com o tema “Pais adolescentes: Porque sim, porque não?”. Participaram estudantes dos colégios estaduais Beatriz Faria Ansay, no Tatuquara e Professora Iara Bergmann, no Bairro Novo e da Escola Municipal do CAIC Cândido Portinari, na CIC.

O concurso foi promovido pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS), em parceria coma a Secretaria Municipal da Educação de Curitiba (SME), Secretaria de Estado da Educação do Paraná e a Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica. A cerimônia de entrega aconteceu no auditório da Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB).

O objetivo foi trazer reflexão sobre o tema. “Além do debate tivemos a oportunidade de conhecer a opinião dos adolescentes sobre o tema”, contou a médica da Secretaria Municipal da Saúde, Julia Cordellini. “Conhecê-los e saber o que pensam e como se sentem, nos dá embasamento para planejar formas de prevenção”, complementou.

A estudante Hallana dos Santos Dionízio, 14 anos, diz que inicialmente teve um bloqueio e não conseguia começar o texto, mas o problema foi resolvido quando se colocou na situação de estar grávida. “Me coloquei no lugar de uma dessas meninas. Confesso que foi bem assustador, mas a partir daí o texto surgiu”, contou.

O estudante Heberson Davi Costa Correia, 14 anos, disse que encontrou a inspiração em colegas do bairro. “Eu vejo adolescentes engravidando e percebo que eles ainda não têm maturidade para ser pais. Tratam os bebês como bonecos. Precisamos”, relatou. “Quando eu for pai quero estar preparado e estruturado para criar meu filho”.

Redução

Em dois anos, Curitiba diminuiu em 22% o número de bebês nascidos de mães adolescentes (entre 10 e 19 anos). No final de 2016, foram 2.368 bebês. Em 2018 baixou para 1.852, 516 a menos.

Em 2017 a taxa de 9,0% de nascidos vivos de mães adolescentes, colocou Curitiba como a capital com menor índice de gestação na adolescência, segundo dados do Ministério da Saúde.

No ano seguinte a taxa foi ainda menor: 8,4%,abaixo do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza para países desenvolvidos (indica um limite de 10%). Mas os dados estratificados por regionais ainda mostram diferentes realidades, o que segue como um desafio. “Agora precisamos trabalhar com foco na redução dessas desigualdades entre os bairros”, reforça a médica da SMS, Julia Cordellini.

Desse levantamento surgiu o Programa Adolescente Curitibano - Prevenção da Gravidez na Adolescência, que faz parte do Rede Mãe Curitibana Vale a Vida. As atividades começaram no início deste ano pelos Distritos Sanitários do CIC, Tatuquara e Bairro Novo, devido a alta vulnerabilidade social dessas regiões, e será estendido para toda a cidade.

Perspectivas

Além de participar do evento de premiação, os adolescentes assistiram a uma palestra sobre as profissões de mulheres de carreira jurídica, ministrada pela advogada Vera Lúcia Podgurski e pela delegada, Charis Negrão Tonhozi.

Para Julia Cordellini, o trabalho intersetorial tem importância significativa na prevenção a gestação na adolescência. “É um momento que permite que eles conheçam diferentes possibilidades de vida, vislumbrem oportunidades de carreiras e tenham perspectivas à construção de projetos”, observou.