Depiladoras aprendem a verificar problemas de saúde íntima

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Na manhã desta segunda-feira (1/10), 70 profissionais compareceram à quinta edição do projeto Depiladora Amiga. O evento, promovido pelo curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), com o apoio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), ofertou capacitação para as depiladoras conseguirem identificar, durante a sessão com as clientes, sintomas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e sinais de violência contra a mulher.

No auditório da UP, na unidade Praça Osório, alunos de Medicina, profissionais de saúde e depiladoras trocaram informações e experiências sobre saúde íntima da mulher e formas de abordagem e orientação.

Para a professora de Saúde da Família da UP e idealizadora do projeto, Andressa Gulin, o vínculo criado entre as depiladoras e clientes pode ser utilizado para contribuir com a saúde da mulher e até mesmo como um aporte emocional em casos de relações abusivas. “É cultural da brasileira a realização da depilação com certa periodicidade, isso cria um vínculo com essas profissionais. Assim nós aproveitamos esse potencial de comunicação”, diz.

A depiladora Cybeli Cristina Salvatierra, 49 anos, é nova no ramo. Ela já atua na área de saúde, como auxiliar de saúde bucal, e sabe como é difícil fazer abordagens e conseguir levar as mulheres para a realização de exames. “O curso foi muito proveitoso. Como depiladora vou poder fazer essa conversa como um diálogo mais íntimo, mais descontraído, no papel de amiga e não de profissional de saúde”, conta.

De acordo com Ângela Leite, médica da Rede Mãe Curitibana Vale a Vida, o vínculo criado entre a depiladora e a cliente é uma oportunidade de comunicação que deve ser aproveitada. “É muito importante para a saúde pública processos de identificação de oportunidades como essa. Essa parceria com profissionais, que estão vinculadas a momentos de intimidades da mulher, é um ótima ferramenta de abordagem e orientação”, afirma.

O evento também foi instrumento de aprendizagem e de contato com diferentes realidades para os estudantes de Medicina. No 6º período do curso, Amanda Kuster Roderjan, 20 anos, palestrou sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Para ela foi uma experiência engrandecedora. “Isso nos dá uma visão sobre os trabalhos de docência e também da necessidade de se criar diferentes linguagens para levar conhecimento de saúde para a população”, relata.

Preferência

Ato frequente na agenda das brasileiras, a depilação faz parte da cultura do país. Segundo dados de uma pesquisa feita pelo Ambulatório de Estudos em Sexualidade Humana da Universidade de São Paulo, que entrevistou mais de 52 mil brasileiras, apenas 2,65% das mulheres preferem não fazer nenhum tipo de depilação.

Com essa relevância e abrangência, a profissional que realiza a depilação acaba se tornando íntima das clientes, ganhando abertura para abordar temas que outros teriam mais dificuldade.

Sobre o projeto

Iniciado em 2015, o Depiladora Amiga já capacitou mais de 500 depiladoras e vem ganhando cada vez mais adeptas. Esse ano o projeto terá a primeira edição em São Paulo, marcada para 5 de outubro, no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.