De casamento a visita da mascote: cuidados paliativos confortam os pacientes

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A conciérge Cássia Kosowski, 24 anos, se casou no mês de setembro no Hospital do Idoso Zilda Arns, no Pinheirinho. O local foi escolhido porque era onde a avó da noiva, Lourdes Jaci Kosowski, 71 anos, estava internada. Lourdes desejava estar presente no importante momento da vida da neta. 

 

“Quando soube da piora do quadro de saúde dela, conversei com meu noivo para antecipar o casamento, que seria somente em 2019, e a fazer a cerimônia no hospital”, disse Cássia. “Foi um sonho realizado, deu para perceber a alegria da minha avó.” A paciente morreu três dias depois do casamento.

 

Para que o enlace fosse possível, profissionais do Hospital Zilda Arns cuidaram dos preparativos - desde a remoção segura da paciente do quarto até fotos e decoração do casamento. Todo esse empenho é parte do conjunto de cuidados paliativos oferecidos pelo hospital aos pacientes que tenham uma doença grave ou sem possibilidade de cura.

A medida visa proporcionar alívio do sofrimento e maior serenidade aos internos e familiares em um momento difícil, mas inevitável, da vida. "Permitimos que o paciente passe maior tempo com os parentes, incentivamos a resolução de questões pessoais, além de valorizarmos e aceitarmos as prioridades dele e da família”, detalha a coordenadora da Comissão de Cuidados Paliativos do hospital, Elisangela Bruske Cordeiro Shiroma.

Foi assim na última terça-feira (23/10), quando, mesmo internado, o aposentado Adolpho Antonio dos Reis, 87 anos, completou 65 anos de casado ao lado da mulher, dos filhos e do neto. “Poder comemorar a data era tudo o que ele queria”, disse a filha Eliane dos Reis, 53 anos, que levou o bolo para a festa. “Com autorização médica fiz uma cuca, o favorito dele”, contou ela.

Em dez meses de atuação, a Comissão de Cuidados Paliativos do hospital atendeu 110 pacientes, com apoio de equipes de psicologia, assistência social, fisioterapia e terapia ocupacional.

Dentre os atendimentos, o pedido do aposentado José Flavio de Paiva, 58 anos, foi um dos que mais sensibilizou as equipes. A vontade dele era rever a cachorrinha de estimação, Angela. O desejo foi realizado no Dia dos Pais, em agosto. Além da mascote, a equipe do hospital convidou a família Paiva. Ele faleceu dias depois.

Para o encontro, foi preciso uma força-tarefa para levá-lo, com segurança, do Centro de Terapia Intensivo (CTI) para um dos pátios do hospital. “Sabemos da dificuldade da equipe em deixar os outros pacientes e ter que levar oxigênio, bomba de medicação. Eles nos proporcionaram um momento único, em que toda a família pode abraçá-lo e demonstrar carinho”, disse a sobrinha Juliana Barros.