32% dos estudantes da rede municipal têm problemas de saúde bucal
Os resultados do primeiro ano de universalização do Programa Saúde na Escola (PSE) em toda a rede pública de ensino de Curitiba mostram que 32% dos estudantes apresentam algum tipo de problema relacionado à saúde bucal, sendo cárie na maioria dos casos.
Todos os diagnósticos realizados por equipes da Secretaria Municipal da Saúde dentro das escolas e dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) foram encaminhados às unidades de saúde para que os estudantes pudessem dar continuidade ao tratamento. Na área de Saúde Bucal, 102.228 estudantes foram avaliados e 32.315 apresentaram algum tipo de alteração (32%).
De acordo com a médica Daniela Mori Branco, referência técnica do PSE na Secretaria Municipal da Saúde, casos de cárie foram a maioria das ocorrências registradas entre os problemas bucais, seguidos por trauma dentário e dor. A partir da identificação de alguma alteração bucal, a família do estudante era comunicada e orientada a comparecer à unidade de saúde de sua localidade para dar sequência ao tratamento odontológico, já com data e horário marcados.
A dentista Luiza Foltran de Azevedo, da US Atenas, na Cidade Industrial de Curitiba, participou dos trabalhos de orientação e verificação dos estudantes nas escolas e também recebeu pacientes encaminhados pelas escolas para tratamento dentário.
Luiza destacou a eficiência do programa, que teve uma boa receptividade entre as famílias, principalmente pelo fato de os estudantes saírem da avaliação já com data marcada para dar continuidade ao tratamento. “Nos anos anteriores, nós orientávamos e informávamos da necessidade de buscar o atendimento posterior, mas ao sair com a visita ao dentista já agendada, a chance de adesão ao tratamento é muito maior”, comentou.
Outra vantagem, segundo a dentista, é o fato de a criança se sentir coadjuvante no tratamento odontológico. Luiza explica que, na maioria dos casos envolvendo cárie, no lugar da restauração, é feita uma curetagem do tecido cariado, sem a necessidade de anestesia ou a utilização da broca. Depois disso, é feita a aplicação de ionômero de vidro, um material que libera flúor para o dente e auxilia no processo de remineralização dentária.
Entre os estudantes, a técnica ajudou inclusive a afastar o “medo do dentista”. Francisca Cordeiro da Silva, avó do pequeno Leonardo Cordeiro de Lima, de 7 anos, que estuda na Escola Municipal Professor Ulisses Falcão Vieira, também no CIC, conta que o garoto tinha pavor de ir ao consultório odontológico e por isso não era nem possível fazer algum diagnóstico. “Ele estava traumatizado e a gente não sabia o que fazer. Com a abordagem na escola e o trabalho aqui na unidade, ele adquiriu confiança na dentista e perdeu o medo, permitindo o tratamento”, comentou.
Os familiares dos irmãos Maria Eduarda, de 7 anos, e Isaac Ferreira, de 5 anos, também foram avisados pela escola de alterações dentárias e buscaram o tratamento. A dentista conta que a menina, além de cárie, tinha mucocele, uma pequena bolha na região interna da boca e que exigiu uma pequena cirurgia.
Kauany Moreira Kuttoche, de 8 anos, filha da técnica de saúde bucal Margareth Moreira, disse que apesar de já ter bastante conhecimento sobre os cuidados necessários, na escola teve a oportunidade de aprender, junto com os colegas, sobre a necessidade de escovar os dentes sempre após as refeições, além de conhecer as técnicas corretas de escovação.
Em 2013, com a ampliação do PSE na cidade, aproximadamente 142 mil crianças e jovens de 399 instituições de ensino – da educação infantil e ensinos fundamental e médio, de zero a 18 anos – passaram por avaliações nutricional, odontológica, oftalmológica, auditiva e clínica, com o enfoque na prevenção de doenças. O programa é uma política interssetorial do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação e executado pelas secretarias municipais da Saúde e da Educação.