Novo modelo de atenção psicossocial aumenta adesão ao tratamento
Os 12 Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) de Curitiba realizaram mais de 13,4 mil atendimentos nos seis primeiros meses de 2014. Os atendimentos seguiram a diretriz de cuidar em liberdade e assegurando o acolhimento de usuários de álcool e drogas e transtornos mentais. Desta forma, o atendimento é realizado sem privar os usuários do contato social e com a família, que frequentemente participa dos atendimentos. O resultado é uma maior adesão ao tratamento.
“A abordagem leva em conta fatores médicos, psicológicos, bem como o meio social dos pacientes, sem a privação do convívio com o mundo exterior”, explica o diretor do Departamento de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Marcelo Kimati.
O novo modelo tem atraído novos pacientes para os Caps. Mais de 4,2 mil pacientes que estão sendo acompanhados nos centros procuraram o serviço pela primeira vez neste ano. Além disso, os Caps 24 horas já realizaram 4.286 acolhimentos noturnos, sendo 638 de menores de 18 anos, tendo beneficiado com isso mais de 1.500 usuários.
“Quando identificamos que algum usuário está mais vulnerável e precisa passar mais tempo no Caps, acolhemos também durante a noite. Este é o período de crise, que nos Caps é tratado pela mesma equipe que atende o usuário em seu dia a dia. Esta vinculação que existe com os profissionais do serviço faz com que este período seja curto. Desta forma, o tempo médio de uso do leito é de oito dias, muito inferior à média de até 40 dias em hospitais psiquiátricos”, frisa Kimati.
24 Horas
Desde a ampliação do atendimento dos Caps para as atuais sete unidades abertas dia e noite, o número de acolhimentos saltou de 80 ao ano para 100 ao mês. “A atenção nos Caps é mais efetiva do que a tradicional. Os cuidados são mais intensivos, a estrutura é mais regionalizada e facilita o contato do paciente com a família”, diz Deivisson Vianna, gerente de assistência da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (Feaes). O resultado é um tratamento mais eficaz do ponto de vista clínico e econômico, com média de permanência 85% mais curta do que em hospitais psiquiátricos.
A zeladora Leonora L. buscou o Caps III Portão quando não obteve boa adaptação ao medicamento que lhe fora receitado. De acordo com ela, que já havia ficado na unidade por sete dias em um acolhimento anterior, o atendimento noturno facilitou muito o acesso à rede. “Me sinto bem aqui. Antes de o Caps ser 24 horas, eu não buscava o atendimento”, disse.
Para o secretário municipal da Saúde, Adriano Massuda, o tratamento humanizado, com atenção mais individualizada, e Caps com um índice menor de pacientes atendidos pelos profissionais da saúde, garante maior efetividade no acolhimento. “A alta é recebida mais rapidamente pelos pacientes nos Caps. Altas tratadas, em que os surtos são estabilizados, sem precipitação”, diz.
Atualmente, a rede municipal conta com 64 leitos nos Caps – no fim de 2012, eram cinco leitos. Paralelamente à ampliação, a gestão vem trabalhando para aumentar o grau de resolução nos casos de menor gravidade e também ampliar a oferta de serviços às pessoas com problemas de saúde relacionados ao abuso de álcool e outras drogas.