Caps Portão realiza bazar
Em comemoração ao Dia Mundial de Saúde Mental, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Portão, que atende 326 pacientes, realizou nesta quinta-feira (09) um bazar de objetos produzidos nas oficinas de artesanato realizadas no Caps. O objetivo foi mostrar para a comunidade um pouco do trabalho realizado nos locais de acolhimento de portadores de transtornos mentais.
De acordo com a coordenadora do Caps Portão, Karin Gabardo, a articulação do centro com outros equipamentos da Saúde e secretarias da Prefeitura de Curitiba tem auxiliado na reabilitação dos pacientes. “Com o bazar queremos interagir mais com os familiares e a comunidade, pois um dos nossos objetivos é devolver o convívio familiar e social aos nossos pacientes”, explica.
O pizzaiolo Wilham Ferreira Soares, de 25 anos, iniciou o tratamento da depressão há três meses. Afastado do antigo trabalho, ele iniciou acompanhamento com psiquiatra da rede particular, mas, segundo ele, o tratamento se resumia à prescrição de medicamentos.
No período, Soares acabou se isolando em sua casa. Foi quando começou a ser atendido na unidade de saúde Vila Verde que o pacientef oi encaminhado para o Caps. “Quando conheci este lugar, minha vida voltou a ter rumo. Me sinto importante e útil aqui. Quando tenho alguma recaída e não venho, eles já ligam para minha unidade de saúde. A equipe vai na minha casa saber o que está acontecendo”, conta.
A evolução de Soares ao tratamento tem sido tão boa que ele fez um curso de preparação de pizzas no Liceu dos Ofícios, atividade viabilizada por meio de uma parceria do Caps com a Fundação de Ação Social (FAS). Soares, que é ex-cobrador de ônibus, pôde ingressar na nova profissão. “Estou conquistando coisas que eu achava que eram impossíveis pra mim. Tenho a profissão que sempre quis e até um ajudante de cozinha”, disse Soares, enquanto preparava minipizzas que foram servidas no bazar.
Já a dona de casa Patrícia Silva, mãe de dois filhos, começou o tratamento nesta semana. Internada por duas vezes em clínicas psiquiátricas pelo seu transtorno bipolar, ela agora iniciou um tratamento em que não precisa se afastar da família. “Fiz dois vasos nas oficinas de artesanato, fico o tempo todo ocupada aqui e estou gostando muito do tratamento”, explicou Patrícia que, neste momento, participa das oficinas e terapias durante o dia e dorme no Caps à noite.
Caps
Curitiba conta com 12 Caps, que realizaram mais de 13,4 mil atendimentos nos seis primeiros meses de 2014. Os atendimentos, tanto para os pacientes com transtorno mental como de álcool e drogas, seguem a diretriz de cuidar em liberdade e assegurando o acolhimento dos seus usuários. Desta forma, o atendimento é realizado sem privar os usuários do contato social e com a família, que frequentemente participa dos atendimentos. O resultado é uma maior adesão ao tratamento.
“A abordagem leva em conta fatores médicos, psicológicos, bem como o meio social dos pacientes, sem a privação do convívio com o mundo exterior”, explica o diretor do Departamento de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Marcelo Kimati.
Desde a ampliação do atendimento dos Caps para as atuais sete unidades abertas dia e noite, o número de acolhimento saltou de 80 ao ano para 100 ao mês.