Atendimento domiciliar melhora qualidade de vida de pacientes com pouca mobilidade
Pessoas idosas ou com dificuldade de locomoção têm um importante canal de assistência em saúde à disposição por meio do SUS Curitiba. O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) acompanha, em média, 500 pacientes por mês, com dez equipes de profissionais de saúde que se revezam durante 24 horas do dia para dar atendimento aos pacientes em todas as regiões da cidade.
O SAD integra o Programa Melhor em Casa do Ministério da Saúde e é mantido pela Fundação Estatal de Atenção Especializada à Saúde (Feaes) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde.
Desde que foi implantado, em março de 2012, 3.734 pessoas foram beneficiadas com o serviço, que possibilitou, em muitos casos, diminuir o tempo de internação em leitos hospitalares e melhorar o conforto do paciente e da família durante o tratamento, até que ele possa voltar a ser feito na unidade de saúde.
A quantidade de pacientes acompanhados pelo SAD equivale ao atendimento de um hospital de grande porte, já que são 500 pacientes por mês que poderiam estar internados, mas recebem toda a assistência em casa, com o apoio da família. “O trabalho da equipe de saúde é feito com a ajuda dos familiares, que recebem todas as orientações necessárias. É um tratamento mais humanizado e que mostra excelentes resultados”, diz o secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda.
As equipes do Melhor em Casa são compostas por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, farmacêuticos, administrativos e fonoaudiólogos. O objetivo do programa é acompanhar os pacientes com necessidade de reabilitação e que necessitem de maior frequência de cuidado, recursos de saúde e acompanhamento contínuo, além dos pacientes crônicos ou em pós-cirurgia, com garantia de continuidade de cuidados e de forma integrada aos serviços de saúde. “Seguimos o mesmo protocolo de atendimento que é utilizado nas unidades de saúde e hospitais que atendem o SUS Curitiba”, conta o coordenador médico do programa em Curitiba, Clóvis Cechinel.
Atendimento Integral
Embora 75% dos pacientes atendidos pelo programa Melhor em Casa tenham mais de 60 anos, o serviço atende pessoas de todas as idades. Por meio de reuniões com os pontos de assistência – hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) e unidades de saúde – o Melhor em Casa é apresentado, e qualquer profissional de saúde pode acioná-lo. Cada caso é analisado para verificarse o atendimento em casa é de fato necessário e se é a melhor alternativa. “Às vezes o paciente está bem e teve alguma coisa que o deixou sem mobilidade, precisando utilizar sonda. Nós ensinamos a família a realizar esses cuidados e fazemos o acompanhamento do paciente”, diz o coordenador de enfermagem do programa, Marcos Ferreira.
Com 99 anos, Sinhorinha Maria Neves foi internada em dezembro no ano passado com diarreia e problemas na tireoide. Depois de passar pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas Fazendinha e ficar dez dias internada no Hospital do Idoso Zilda Arns, ela pôde ir para casa continuar os cuidados de saúde graças ao apoio dos profissionais do Melhor em Casa. Segundo sua filha, Neldi Sakagami, essa foi a segunda vez que a mãe precisou ser internada e o fato de ter voltado para casa sem mobilidade e precisando de sonda assustou a família.
“No hospital nos procuraram para contar do serviço e fiquei encantada. Eles me ensinaram a dar banho, fazer a alimentação pela sonda e tudo mais que ela precisa. Sempre que vejo algo estranho ligo para tirar dúvidas e tenho conseguido cuidar bem dela em casa”, conta Neldi. Em 15 dias, Sinhorinha ganhou 1,5 quilo de peso e, segundo os familiares, houve uma recuperação notável na saúde. “Ela está mais confortável aqui e a gente consegue ficar perto dela. Se não fosse por eles, acho que minha mãe ainda estaria no hospital”, diz a filha.
Nas visitas da equipe do Melhor em Casa, é realizada uma avaliação completa do paciente, com orientações de enfermagem, nutrição e exercícios de fisioterapia, por exemplo. “São momentos em que podemos repassar todo o trabalho para que a família ou pessoas próximas ao paciente possam dar continuidade ao tratamento”, explica Juliana Ribeiro, médica do programa.
Maria Cristina Scussiato também elogia o serviço de atenção domiciliar. Sua mãe, Leony, de 86 anos, foi parar no hospital com trombose pulmonar. Durante a internação, com a saúde já estabilizada, mas necessitando de acompanhamento médico, conheceu a equipe do Melhor em Casa. “Fiquei encantada com este serviço do SUS, acredito que na rede particular não encontre um atendimento tão bom. Eles passam duas vezes por semana aqui em casa, examinam a minha mãe, tiram as minhas dúvidas. Me dão segurança de que estou fazendo tudo certo”.
Outro diferencial do programa é o atendimento pós-óbito realizado pelas equipes. Além do atestado de óbito dos pacientes que eles acompanham, a equipe também realiza visita à família 15 dias após a morte para verificar como estão atravessando o período de luto. “Criamos vínculo não só com o paciente, mas com a família também. Passamos semanas orientando, cuidando, dividindo experiências com eles e não tem como não nos sensibilizarmos”, conta a nutricionista Luana Berri.
A comerciante Maria Aurea Schumelka perdeu o pai há pouco tempo e se mostrou aliviada quando viu a equipe do Melhor em Casa chegando para a visita. “Meu pai tinha Alzheimer, mas nos momentos de lucidez perguntava por elas. Tenho certeza que ele temia ter que ficar no hospital nos seus últimos momentos de vida, e eles propiciaram um outro cenário. A visita deles agora me traz conforto”.
Prêmios
Em reconhecimento pela excelência do trabalho realizado, o programa Melhor em Casa recebeu no ano passado o prêmio InovaSUS, do Ministério da Saúde e o II Prêmio Gestor Público Paranaense.
No InovaSUS, o Melhor em Casa foi premiado na categoria “Comunicação efetiva: a chave para um desempenho institucional de excelência”, devido à ampliação das ferramentas de comunicação – como a implantação do jornal interno para os funcionários e as mensagens nos papéis de parede dos computadores – a facilidade de acesso ao prontuário eletrônico do paciente e a aproximação das equipes por meio de reuniões periódicas.
Já no II Prêmio Gestor Público Paranaense, o programa venceu na categoria Destaque em Saúde. O prêmio reconhece as boas práticas de gestão e forma um banco de dados de projetos de referência acessíveis à administração pública para que possam ser adaptados e multiplicados em outros municípios do estado.