Ambulatório Enccantar será enfeitado para lembrar Dia de Consciência do Autismo
Dia 2 de abril foi escolhido pela Organização das Nações Unidades como Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Para marcar a data, membros da Associação União de Pais pelo Autismo (Uppa) irão enfeitar, nesta terça-feira (31), com balões e flores azuis a entrada do ambulatório Enccantar, mantido pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba para atender crianças e adolescentes com autismo e vítimas de violência ou abuso.
O Ambulatório Enccantar está em funcionamento desde agosto de 2014 para complementar a Rede de Atenção Psicossocial voltada para crianças e jovens, como apoio às unidades de saúde no diagnóstico e tratamento dos casos de autismo.
Neste período, 387 jovens - menores de 18 anos - que apresentam o transtorno foram atendidos no local. Hoje, 70 realizam tratamento no local. Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) infantis e os ambulatórios vinculados às Escolas Especiais complementam a rede de atendimento dos autistas.
Como não existe um tratamento padrão para o transtorno, que se caracteriza pelo déficit de comunicação e interação social, além de comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse, cada paciente diagnosticado exige um projeto terapêutico individualizado, respeitando suas necessidades e deficiências. Por isso, o Enccantar conta com equipe multidisciplinar, formada por neuropediatra, terapeuta educacional, psicóloga, fonoaudióloga e pedagoga.
“Os pacientes são encaminhados pela unidade de saúde e o primeiro contato é com a neuropediatra, que faz o diagnóstico. Depois passa por avaliação conjunta com as outras profissionais que definem o plano terapêutico e acompanhem o tratamento”, explica o coordenador do ambulatório, Eduardo Oliveira.
Segundo o diretor do Departamento de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde, Marcelo Kimati, a linha de atuação do ambulatório ainda está sendo construída, seguindo as necessidades dos pacientes atendidos. “Por ser algo novo, estamos em constante processo de aperfeiçoamento. O cuidado do autismo é um novo programa da Secretaria e prevê, além do ambulatório, a capacitação das equipes e do processo de trabalho para o tratamento especializado tanto no Enccantar como nos Centros de Atenção Psicossocial”, explica.
Outro avanço do SUS Curitiba está nas ações desenvolvidas na atenção primária, junto às unidades de saúde, com a inserção de psiquiatras e psicólogos que trabalham nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e auxiliam no diagnóstico do transtorno.
Apoio
Alice, de 2 anos e meio, foi diagnosticada com autismo em outubro de 2014, após consulta com pediatra na unidade de saúde. Segunda a mãe, a técnica de enfermagem Adriana Rodrigues, o choro constante da criança foram o sinal de alerta e o diâmetro da cabeça da Alice que era um pouco maior que o padrão para a sua idade levantaram a suspeita da médica que a encaminhou para EnCCAnTAR. “Depois do diagnóstico, o comportamento da Alice melhorou muito. Ela apresenta um atraso na fala, mas é hiperativa. Além da consulta com a médica, ela faz consultas semanais com a fonoaudióloga e psicóloga. Esse ano começou a frequentar aulas em uma escola normal e a professora disse que se eu não a comunicasse do autismo ela não teria percebido”, conta Adriana.
A dentista Renata Coutinho também teve uma experiência parecida. A suspeita do autismo da sua filha Luiza apareceu quando ela tinha dois anos e o diagnóstico só foi conclusivo após um ano de acompanhamento feito por um psicólogo e um neurologista da rede suplementar. “Não fechavam o diagnóstico, acabei levando ela em um neurologista de São Paulo que confirmou o autismo. Neste momento foi um desespero, parei de trabalhar para cuidar dela, li vários livros, fiz cursos e mergulhei no assunto. Iniciei o tratamento na rede privada e resolvi ir até a unidade de saúde para ver o que o SUS poderia me oferecer e assim reduzir os custos do tratamento. Adorei os profissionais do EnCCAnTAR e hoje ela é atendida pela neurologista e fonoaudióloga daqui e também por alguns profissionais de fora”, explica.
“Como envolve muitos profissionais e as consultas são semanais o custo do tratamento fica muito caro. Só o neurologista dela custava R$ 750,00. É importante ter um local adequado no SUS que oferte tudo o que minha filha precisa”.
Rede de Proteção
Além do tratamento para o autismo, o Ambulatório EnCCAnTAR oferece tratamento para crianças e adolescentes vítimas de violências graves como agressão física e psicológica severa e abuso sexual. O objetivo do atendimento é oferecer uma Psicoterapia de Crise para tratar de forma imediata e efetiva os efeitos do trauma emocional agudo e evitar suas seqüelas. O atendimento consiste no auxílio psicológico, atendimento psiquiátrico se houver necessidade de apoio medicamentoso ou de diagnóstico para comorbidade de transtorno mental, além de orientação familiar sempre que necessário. Em oito meses de atividades, 722 crianças e adolescentes acompanhados pela Rede de Proteção já foram atendidos no Ambulatório.
O serviço também é referência para as Unidades de Saúde no atendimento ambulatorial dos casos leves de transtornos mentais da infância e da adolescência, contando com avaliação e atendimento psiquiátrico e psicológico.