Equipes de Saúde usam dia de beleza para chamar atenção sobre doenças e violência

A maquiagem e o cuidado com a mão e com o cabelo abriram espaço na tarde desta terça-feira (20) para um bate-papo sobre temas mais sérios, relacionados à saúde da mulher, e que merecem atenção diária: a violência doméstica, o câncer de mama e as doenças sexualmente transmissíveis. A atividade, batizada como Dia da Beleza Feminina, foi promovida na Unidade Básica de Saúde Augusta, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), e chamou a atenção de mulheres de diferentes gerações – da adolescência à terceira idade.

O projeto foi encabeçado pelo médico Edison Brum e pela enfermeira Marly Marton, professores da Universidade Positivo, e teve a participação de 13 acadêmicos e da equipe da Unidade de Saúde.

Os estudantes foram divididos em três estações e, enquanto cuidavam da beleza das pacientes, aproveitavam o tempo para falar de assuntos mais delicados. “Tudo o que a gente aprende é bem-vindo. Acho ótimo”, disse a cuidadora Oracélia Barreto, 73 anos, que já estava penteada e maquiada e aguardava o momento de passar pela manicure.

Brum relata que a iniciativa nasceu durante um projeto de extensão universitária em Tracuateua, no interior do Pará, e foi aprimorado em um segundo momento no município maranhense Centro Novo do Maranhão. “Em consultas médicas, a mulher normalmente fica inibida. A violência doméstica e as doenças sexualmente transmissíveis são assuntos tabu. A atividade tem o intuito de funcionar como uma roda de conversa em um salão de beleza para que a mulher se sinta mais à vontade e fale sobre a sua saúde”, explica o médico.

Durante a atividade, foi identificado um caso de violência doméstica.

Cerca de 30 mulheres participaram do Dia da Beleza. A chefe da Unidade de Saúde Augusta, Márcia Regina Bora, ressalta a importância de ações como essa para mobilizar a comunidade e aproximá-la da unidade de saúde. “O nosso espaço é ocupado e a repercussão que esse trabalho tem nesses pacientes é muito positivo. A partir desse momento, em que a pessoa está fazendo algo que gosta, temos a oportunidade de passar informações importantes”, conta. 

A estudante do 4º ano de Enfermagem Jeanine Felinto, de 32 anos, destaca ainda a importância desse tipo de atividade para a formação profissional. “Temos a chance de transferir para os pacientes o conhecimento que tivemos em sala de aula. Trazer essas informações para essas mulheres é muito importante. Desperta o interesse e faz com que procurem a unidade de saúde”, afirma.