Usuários de CAPs têm oficina de flamenco com espanhol que deixou as drogas

Usuários de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) de Curitiba conheceram um pouco sobre a arte da dança flamenca e também flamenco 2ouviram a história de superação do artista espanhol Francisco José Suárez, conhecido como “El Torombo”. Ele ministrou oficinas nos CAPs AD (Álcool e Drogas) Cajuru e Boa Vista e no CAPs Infantil do Boa Vista, junto com o grupo Perla Flamenca, de Curitiba.

A história do artista, que é ex-usuário de drogas e encontrou na arte o caminho para a superação do problema, emocionou muitas pessoas que acompanharam o trabalho no CAPs Boa Vista, na manhã desta terça-feira (20). Carlos (nome fictício), que nunca tinha visto uma apresentação da dança espanhola, disse que gostou muito da atividade, mas o que mais o marcou foi o depoimento do bailarino. “Me identifiquei com a história dele. Perdi minha família e meus filhos por causa do álcool, mas sempre é tempo de recomeçar”, comentou.

Alguns pacientes chegaram até a arriscar passos de dança ao final da apresentação do artista espanhol. “O mais importante é a mensagem que ele nos deixou, de que todos somos importantes e temos algo precioso em nós”, salientou Gilberto (nome fictício).

Várias experiências no País utilizam atividades ligadas à música e à dança como estratégias terapêuticas no tratamento do uso de drogas. Bons resultados são associados ao aumento da capacidade de expressão, autoconhecimento e, em alguns casos, com uma nova forma de inserção social. Os serviços de saúde mental de Curitiba utilizam esta estratégia há anos, em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba. Este conjunto de ações valoriza ainda uma característica da gestão de encontrar formas humanizadas de tratamento.

Projetos sociais

Além de se dedicar aos palcos, na Espanha, Torombo dá aulas de flamenco e atua como voluntário em projetos sociais. Muitos desses projetos são direcionados a dependentes químicos, com os quais aborda a prevenção ao uso de drogas, sempre tendo como foco o indivíduo e a sua dignidade. “Através da música, podemos trabalhar a afirmação do ser humano”, enfatizou. “A música é um canal para transmitir valores e a minha experiência como ex-usuário de drogas”.

Depois de visitar Curitiba, Torombo segue sua turnê passando por Belo Horizonte, Campinas, Paraguai, Chile e Uruguai. Entretanto, a iniciativa de usar a música em projetos sociais, inclusive nos CAPs de Curitiba, terá continuidade com o Grupo Perla Flamenca, que é dirigido pela professora de flamenco Miriam Galeano e o guitarrista Jony Gonçalves.

flamenco 1Miriam disse que o trabalho será conduzido em dinâmicas de grupo, focando sempre no ritmo e no sentir da música, não sendo necessário qualquer conhecimento prévio da arte flamenca. “O objetivo é estimular a expressão através da música. A técnica do flamenco é só um recurso para isso”, afirmou.