Experiências de Curitiba no controle da aids são apresentadas em congresso nacional
As estratégias adotadas por Curitiba para ampliar o diagnóstico de HIV/aids e evitar a transmissão vertical da doença (entre a gestante e o bebê), durante o atendimento de pré-natal, foram assuntos apresentados por profissionais da Secretaria Municipal da Saúde durante o 10.º Congresso de HIV/aids e o 3.º Congresso de Hepatites Virais.
Os eventos, que acontecem paralelamente em João Pessoa (PB), reúnem, entre os dias 17 e 20 de novembro, as principais autoridades médicas nacionais e internacionais, especialistas e pesquisadores, e mais a sociedade civil em torno dos os temas HIV/aids e hepatites virais.
A diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Juliane Oliveira, apresentou nesta quarta-feira (18) as medidas que Curitiba está desenvolvendo para atingir a meta 90-90-90. A meta faz parte de um objetivo proposto pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids/ONU) para erradicar a epidemia de aids até 2030. Esse compromisso foi efetivado com a Declaração de Paris, em dezembro do ano passado, na França, da qual Curitiba e Salvador que estão entre as signatárias.
Cada “90” é um dos componentes da meta. Ou seja, que 90% dos infectados pelo HIV sejam diagnosticados – item que Curitiba já conseguiu cumprir. Entre os diagnosticados, que 90% estejam em tratamento e que 90% dos pacientes tratados tenham carga viral indetectável (ou seja, um nível baixo que faz com que a doença não seja detectável em exame).
Juliane apresentou os programas da Prefeitura que facilitam exame e diagnóstico rápido e que ajudaram Curitiba a atingir um dos desafios no combate à aids, ao diagnosticar 94% dos casos estimados de pessoas vivendo com HIV/aids na cidade. A Secretaria Municipal da Saúde estima que existam hoje, na cidade, 13.388 pessoas convivendo com o vírus. Destas, 13.146 já foram diagnosticadas. “Uma das estratégias adotadas para ampliar o diagnóstico é o projeto A Hora É Agora, que já disponibilizou mais de 2 mil testes rápidos para o HIV a residentes em Curitiba que solicitaram o autoteste pela internet ou smartphone”, disse.
Direcionado ao público masculino que se relaciona com outros homens, o A Hora É Agora tem como objetivo a expansão da testagem rápida e gratuita anti-HIV entre as populações mais vulneráveis à infecção, ou seja, os jovens gays e outros homens que fazem sexo com homens. O projeto ainda faz uso de outras abordagens junto à população-alvo, entre elas a testagem rápida móvel em trailers equipados com laboratórios; no Grupo Dignidade – organização não governamental de promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros (LGBT) –; e pela plataforma virtual (www.ahoraeagora.org), lançada em fevereiro deste ano.
Com relação aos outros dois parâmetros, entre os diagnosticados com HIV em Curitiba, 47% estão em tratamento. Destes, 75% já apresentam carga viral indetectável. “Hoje, o maior desafio é ampliar o acesso e a adesão ao tratamento”, comentou Juliane.
Já a coordenadora de Vigilância Epidemiológica dos Agravos Crônicos Transmissíveis, Liza Bueno Rosso, apresentou na quarta-feira (18) as estratégias de Curitiba para melhorar a assistência à gestante e ao recém-nascido, a estruturação do programa Mãe Curitibana e as ações efetivas para redução da mortalidade infantil e materna nos últimos anos, assim como a redução da transmissão vertical do HIV – da mãe para o bebê durante a gestação. “Há casos em que a gestante só fica sabendo que é soropositiva durante os exames realizados no pré-natal. É fundamental fazer a vigilância de todos os casos de grávidas portadoras de HIV, assim como dos bebês expostos ao vírus, para que possamos monitorar a evolução do tratamento”, salientou.
Nesta sexta-feira (20), Liza participa de uma mesa-redonda sobre as estratégias de prevenção na atenção básica, onde apresenta as experiências adotadas pelas unidades básicas de saúde de Curitiba.