Farmacêuticos dão orientação especial a quem usa diversos medicamentos


Os farmacêuticos que atuam nos serviços de saúde de Curitiba participam, desde 2014, de um projeto piloto do Ministério da Saúde que 00174563trabalha a aproximação entre profissional e pacientes em consultas clínicas. Os farmacêuticos identificam pessoas que podem ter dificuldades no uso de medicamentos para orientá-las e contribuir com que a saúde delas melhore efetivamente. Os resultados da segunda etapa do Programa de Qualificação dos Serviços Farmacêuticos (QualifarSUS) nos serviços de atenção especializada de Curitiba foram apresentados nesta segunda-feira (7), no auditório do Mercado Municipal.

O programa federal tem o intuito de qualificar o serviço farmacêutico no País e quatro municípios brasileiros – Curitiba foi a pioneira entre eles – foram escolhidos como pilotos da iniciativa.

Em 2014, o trabalho foi feito nas unidades básicas de saúde e, neste ano, o projeto foi estendido aos serviços especializados para estruturar uma rede de cuidado com os farmacêuticos integrados nas equipes de saúde. Além de avaliar os medicamentos usados, o farmacêutico orienta o paciente sobre os horários mais adequados para ingerir os remédios e a melhor forma de armazená-los. Os profissionais também contribuem com a logística, o controle e a distribuição dos fármacos na rede da Secretaria Municipal da Saúde.

“Essa é uma política de humanização para que não se pense apenas no medicamento, mas na forma como ele chega à população e o impacto que ele traz à saúde do indivíduo e da população como um todo”, afirma o secretário municipal da saúde, César Monte Serrat Titton.

Resultados

Na segunda etapa do projeto, iniciada em maio de 2015, o serviço foi expandido para quatro unidades de pronto atendimento (UPAs), um centro de atendimento psicossocial (Caps), a Maternidade Bairro Novo, três centros de especialidades médicas do município – como o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA) – e nas farmácias Popular e Especial do Estado.

Os dados preliminares do QualifarSUS em Curitiba trazem um retrato do trabalho conduzido por uma parcela da equipe nos meses de agosto a novembro de 2015. Ao todo, 320 pessoas foram classificadas conforme critérios pré-estabelecidos e passaram por consulta farmacêutica nos diferentes serviços. A maioria apresentava problemas com farmacoterapia, como dificuldade para administrar medicamentos, aderir ao tratamento e acompanhar a evolução do estado de saúde. O índice varia de 42% no COA a 93% nas UPAs e 100% no Caps.

A polimedicação – uso contínuo de cinco ou mais medicamentos – é um dos critérios para o encaminhamento do paciente para a consulta farmacêutica. A média de fármacos consumidos por essas pessoas varia entre cinco medicamentos por pacientes do COA e 12 por pessoas que frequentam a Farmácia Popular.

Outro dado importante do levantamento é que 36 dos 56 pacientes atendidos nas UPAs foram direcionados para serem acompanhados por profissionais das unidades básicas, reforçando o vínculo dessas pessoas com a atenção primária à saúde. “O objetivo desta segunda etapa do QualifarSUS era a articulação entre todos os pontos de atenção. Queremos consolidar isso cada vez mais, inclusive com a participação da Região Metropolitana, e fortalecer mais o vínculo do paciente com as unidades básicas de saúde”, diz a coordenadora de Atenção Farmacêutica, Beatriz Patriota.

Reconhecimento

Os farmacêuticos envolvidos com o QualifarSUS elogiam a iniciativa por terem a possibilidade de estar em contato com os pacientes. “Antes, eu estava mais focada em atividades logísticas para garantir que os medicamentos estivessem disponíveis. Era um serviço que me deixava longe dos pacientes. Conforme fui me inserindo na equipe, resgatei confiança e me senti preparada para procurar os pacientes. Hoje, o trabalho tomou outro rumo”, relata a farmacêutica da UPA Boqueirão, Liana de Oliveira Gomes Moro.

A integração dos profissionais também é ressaltada pelo diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Junior, e pelo ex-secretário municipal da saúde Adriano Massuda. “A entrega de mais uma etapa muito importante para nós porque a assistência farmacêutica é uma política recente no SUS. A gente consegue dizer claramente hoje que o cuidado farmacêutico é fundamental nos pontos de assistência à população”, afirma Nascimento Junior. “É preciso apostar no trabalhador e mostrar que ele pode fazer uma boa clínica. É um novo jeito de fazer”, diz Massuda.