Agentes realizaram 430 mil visitas e inspeções atrás de focos do Aedes em 2015
A chegada do verão traz, além da preocupação em manter a vigilância para evitar os casos de dengue, necessidade de cuidados reforçados para evitar que a cidade venha a registrar casos de zika vírus e de febre chikungunya. De janeiro até agora, mais de 430 mil visitas e inspeções foram realizadas pelos agentes de endemias e agentes comunitários de saúde em todos os bairros de Curitiba.
As três doenças são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti, e, apesar do constante monitoramento dos agentes, o papel da população neste momento é imprescindível para manter a cidade livre dessas ameaças, uma vez que, desde agosto deste ano, o Paraná já contabiliza 1.089 casos de dengue, sendo 27% em Paranaguá – que está a apenas 90 quilômetros de Curitiba e é destino de muitos curitibanos durante as férias –, além da região metropolitana de Curitiba, onde também foram registrados casos.
“No verão passado, a preocupação já era grande por causa da epidemia de dengue no estado de São Paulo e casos inclusive no litoral de Santa Catarina. Mas neste verão o alerta é maior e começa mais cedo, considerando os casos da doença já identificados tão perto de Curitiba”, comenta o secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton.
Em todo Paraná, no período entre julho de 2014 e agosto de 2015, foram 35 mil casos de dengue. E, até o momento, foram registrados no interior do estado quatro casos de febre chikungunya (um deles autóctone) e sete de zika vírus (dois autóctones).
Visitas e monitoramento
Somente os agentes comunitários de saúde realizaram este ano aproximadamente 311 mil visitas em imóveis residenciais para orientar sobre os cuidados necessários para se evitar a formação de criadouros do Aedes aegypti. Entretanto, a coordenadora municipal do Programa de Combate à Dengue, Juliana Martins, ressalta que os moradores já conhecem as orientações, mas ainda falta a conscientização de que o problema está muito perto e evitá-lo é um papel de todos. “O momento agora é de concentrar esforços para sensibilizar essas pessoas a colocarem em prática tudo o que ouviram ao longo dos últimos anos”, salienta.
O aposentado Milton Machado de Vargas, de 75 anos, faz a vistoria rotineira em sua própria casa, no bairro Atuba, para não dar chance ao mosquito. “Aqui eu verifico tudo o que é possível, nem casca de ovo eu deixo cair no chão”, argumenta.
E o monitoramento, quase militar, estende-se aos três netos e também à vizinhança. “Eu fico em cima, cobro de todos, e cobro. O pessoal é muito ‘descansado’ e acha que tudo é responsabilidade dos órgãos públicos, ninguém quer se comprometer. Mas cada um tem que fazer a sua parte e, se depender de mim, Curitiba nunca vai ter foco desse mosquito”, diz.
O agente comunitário de saúde Reinaldo de Lima Amorim gostaria que mais pessoas tivessem a mesma consciência do aposentado. Responsável por acompanhar famílias que moram na Vila Esperança, também no Atuba, ele relata a dificuldade de convencer as pessoas a fazerem o acondicionamento correto do lixo, situação que atrai, além de mosquitos, outros tipos de vetores como ratos e baratas. “É um desafio constante orientar que algumas atitudes simples contribuem com a saúde de toda a comunidade”, afirma.
Levantamento rápido
Juliana Martins lembra que no mês de outubro foi realizado o Levantamento de Índice Rápido por Aedes aegypti (LIRAa), que mostrou que o resultado do índice de infestação pelo mosquito em Curitiba é satisfatório, segundo os critérios do Ministério da Saúde, com baixo risco de epidemia. Isso, no entanto, não significa que a população possa descuidar, principalmente com a circulação de pessoas para outras regiões endêmicas por causa das férias. “Quem viajar nesse final de ano para áreas onde já foi registrada a transmissão da doença, deve utilizar repelente com regularidade. E, para quem viaja de carro, deve fazer uma vistoria geral no veículo para ver se não está trazendo na bagagem nenhum foco do mosquito ou ele próprio”, alerta.
Segundo a coordenadora, ao longo de 2015 foram confirmados 226 casos de dengue em Curitiba, três deles autóctones – quando a pessoa é infectada no próprio local de registro da doença. Além de um caso de zika vírus e um de febre chikungunya, ambos importados. Em 2014, foram 48 casos de dengue confirmados em Curitiba, dois autóctones. Além disso, este ano as larvas do Aedes aegypti foram encontradas em 541 pontos da cidade, até o mês passado.
Veja os cuidados básicos na sua casa:
• Lavar diariamente o pote de água dos animais de estimação;
• Caso tenha pneus velhos em casa, guarde-os em locais secos e cobertos;
• Garrafas vazias devem ser guardadas com o gargalo virado para baixo;
• Caixas d’água, cisternas e reservatórios devem ser mantidos bem tampados;
• Escorrer a água dos vasos de flores e preencha os pratinhos com areia;
• Manter o lixo ensacado e vedado, até o momento da coleta;
• A piscina deve ser mantida limpa e com água tratada;
• Calhas, telhados e rebaixos de banheiros e cozinhas devem ser limpos periodicamente, para evitar o acúmulo de água.