Campanha de violência obstétrica recebe reforços nas unidades de atenção à gestante

gravidaA atenção à saúde da mulher e da gestante ganha mais uma importante ferramenta no Sistema Único de Saúde (SUS) Curitiba com o lançamento dos cartazes contra violência obstétrica que serão distribuídos a todas as unidades de saúde e maternidades da capital. O assunto também foi incluído no novo modelo da carteira de pré-natal fornecida às gestantes acompanhadas pelo Programa Mãe Curitibana/Rede Cegonha.

O material publicitário vem atender a Lei 14.958/2015, assinada pelo prefeito Gustavo Fruet, visando conscientizar as mulheres de seus direitos durante toda a gestação, no momento do parto e após o nascimento do bebê. Foram elaborados quatro modelos de cartazes que serão veiculados em todas as maternidades públicas e particulares de Curitiba, assim como nas 109 unidades básicas da rede pública, ilustrados pelo trabalho da fotógrafa Marcia Kohatsu, especializada no acompanhamento de gestantes durante o parto. O lançamento do material aconteceu nesta sexta-feira (15), na Unidade de Saúde Ipiranga, no Capão Raso, e reuniu gestores de serviços de atendimento à gestante de Curitiba, gestores do SUS e a comunidade.

O secretário de Saúde, César Monte Serrat Titton, destacou que esse é um avanço para garantir as boas práticas no atendimento, o que contribui para melhorar os índices da capital paranaense. Desde 2013, os dados de mortalidade infantil em Curitiba estão abaixo de 9 para cada 1.000 nascidos vivos – no Brasil, a taxa é de 16/1.000. “Há uma série de protocolos e orientações que devem ser seguidos pela equipe de assistência, desde o momento que a mulher descobre a gravidez. E o resultado dessas boas práticas é a redução gradativa do índice de mortalidade infantil, situação que vem melhorando consideravelmente em Curitiba”, comentou.

A enfermeira obstétrica Karen Goudarth, gerente assistencial da Maternidade Bairro Novo e integrante da diretoria nacional da Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras (Abenfo), enfatizou o importante avanço para as gestantes, ao se discutir abertamente o assunto. “Antes, a violência obstétrica era algo debatido apenas em grupos técnicos fechados, evitava-se falar no assunto publicamente. Curitiba trouxe essa pauta para o debate na sociedade”, reforçou.

Investimento contínuo

O coordenador do Programa Mãe Curitibana/Rede Cegonha, Wagner Barbosa Dias, ressaltou o trabalho contínuo que vem sendo realizado pela Secretaria Municipal da Saúde com as maternidades vinculadas ao SUS. Desde 2013, são realizados fóruns e câmaras técnicas visando incentivar as boas práticas do pré-natal, parto e nascimento. “Desde que esse trabalho foi iniciado, verificou-se um grande impacto no cumprimento da lei do acompanhante, na diminuição das taxas de cesarianas, na redução das taxas de episiotomia (corte vaginal antes do parto normal), no incentivo do contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, melhorando assim as taxas de aleitamento materno”.

O vereador Edmar Colpani, autor do projeto que originou a Lei 14.958/2015, elogiou o trabalho no SUS, mas destaca o desafio de se trabalhar isso também na rede privada de saúde. “Não pode mais ser comum ou aceitável que a mulher esteja vulnerável a comentários ou ações depreciativas durante o trabalho de parto. É uma cultura que precisa ser mudada”.

A decoradora Katya Trancoso, 35 anos, vai ter sua segunda filha, Gabriela, até o fim deste mês. Ao contrário da primeira gestação, desta vez ela fez todo o pré-natal pelo SUS e destacou o carinho e a atenção da equipe de saúde da US Ipiranga. “Saio daqui com todas as minhas dúvidas esclarecidas. Os profissionais da unidade gastam o tempo que for necessário comigo, sem pressa, e isso me dá segurança. Tudo é feito com muito carinho”, elogiou.

Participaram do evento na US Ipiranga o administrador regional do Pinheirinho, Marcos Bonato; a diretora de Atenção à Saúde da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (Feaes), Tereza Kindra; a diretora do Distrito Sanitário Pinheirinho, Carla da Ros; a conselheira local de saúde, Bernadete Pirkiel; gestores das unidades de saúde do Pinheirinho e representantes da comunidade.