Com aumento da oferta e melhoria na gestão, Curitiba reduz filas para consultas com especialistas

A fila para exames e consultas com especialistas na rede pública municipal de saúde de Curitiba foi reduzida em boa parte das áreas no ano00181347 passado. A redução é resultado de um conjunto de medidas que inclui a reorganização dos encaminhamentos, a partir de uma gestão mais racional, e a ampliação da oferta de consultas.

As filas de espera foram reduzidas nas principais especialidades médicas. Na geriatria, por exemplo, o número de pessoas na fila caiu de 731 em dezembro de 2014 para 187 em dezembro de 2015 – uma redução de 74%. Na infectologia, 613 pessoas esperavam atendimento em dezembro de 2014; um ano depois, eram 130 (-79%). Para eletrocardiograma, a fila foi reduzida em 61% - de 3.701 para 1.445 pessoas.

A diretora do Departamento de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, Carmen Moura dos Santos, explica que a redução das filas está relacionada a três pontos: aumento da oferta de consultas e exames, qualificação do encaminhamento e inserção de novos serviços na atenção primária (unidades básicas de saúde).

Mais agendamentos

Ao longo de 2015, foram agendadas na rede municipal de saúde 400.262 consultas especializadas e 363.744 exames.

Em várias especialidades o aumento no número de agendamentos foi bastante expressivo. Na infectologia geral, por exemplo, o número passou de 459 agendamentos em 2013 para 1.394 no ano passado – um aumento de 203,7%. Na cirurgia vascular geral, o aumento foi de 91,84% no mesmo período (de 4.547 para 8.723). Na hematologia, de 69,26% (de 641 para 1.085 agendamentos).

Outras áreas prioritárias também tiveram ampliação da oferta, como é o caso da cardiologia, que aumentou 15% (19.580 para 23.101 agendamentos) e da cancerologia, que teve um aumento de 30% (4.547 para 8.723).

Uma das medidas adotadas para ampliar a oferta foi a repactuação feita pela Secretaria Municipal da Saúde com alguns prestadores de serviços, de maneira a garantir atendimento especifico para determinadas patologias. Por exemplo: até 2013, pacientes com catarata ficavam na fila da oftalmologia geral e corriam o risco de esperar muito tempo por uma consulta e cirurgia. Em 2014, eles passaram a ser atendidos separadamente. Com isso, o número de pessoas na fila caiu 87%, de 284 para 38.

Avaliação contínua

O sistema de encaminhamento de pacientes a partir das unidades básicas de saúde também mudou. “Hoje fazemos avaliações contínuas, permitindo que o paciente chegue ao atendimento necessário em tempo oportuno”, afirma Carmen. “Assim, atualmente nenhum paciente em situação prioritária por sua condição de saúde espera muito tempo para ser atendido por um especialista.”

Além da avaliação contínua, outra medida que tornou isso possível foi a ampliação do leque de atendimentos na atenção primária. Isso inclui, por exemplo, a avaliação de problemas músculo-esqueléticos por fisioterapeutas que, em alguns casos, podem indicar outro recurso terapêutico, dispensando a necessidade de consulta com um médico ortopedista. Ou a realização, nas próprias unidades de saúde, de pequenas cirurgias que antes levavam os pacientes para a fila de espera por um especialista – como a retirada de uma pinta na pele ou de um pequeno cisto.

Apoio às unidades básicas

Outra medida que contribuiu bastante para a redução das filas foi a criação de novos mecanismos de apoio aos profissionais das unidades básicas na avaliação de casos clínicos.

Por um lado, a Secretaria Municipal da Saúde reforçou as equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), que prestam apoio aos profissionais que atuam nas 109 unidades de saúde da capital. Antes formados apenas por fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e profissionais de Educação Física, em 2014 os Nasf passaram a contar também com ginecologistas, psiquiatras, pediatras, geriatras, infectologistas e fonoaudiólogos. Esses especialistas discutem casos de pacientes com os profissionais das unidades básicas, buscando junto o melhor encaminhamento para cada situação.

Além disso, foram implantados os processos de telessaúde, plataformas on-line pela quais as unidades de saúde trocam informações sobre casos clínicos com especialistas do Hospital de Clínicas da UFPR (no caso da neurologia) e da própria Secretaria da Saúde (para outras especialidades, como reumatologia, hematologia e gastroenterologia).

Para o secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton, repensar a atenção especializada tem sido o grande desafio da gestão e é um trabalho que tem envolvido todos os setores da secretaria. “As filas de espera passaram por uma avaliação e isso nos permitiu dar prioridade para aqueles que realmente necessitavam de um especialista”, afirma o secretário, esclarecendo que boa parte das pessoas que aguardava atendimento especializado poderia ter seus problemas resolvidos na própria unidade de saúde.