Casos de tuberculose são acompanhados pelo Consultório na Rua

00143738FB, 40 anos, mais conhecido como Alemão, vive há 10 anos nos chamados “mocós”, construções abandonadas que acabam se tornando a residência de muitos moradores em situação de rua. Portador de HIV e com tuberculose, ele já estava com a saúde bastante debilitada quando foi encontrado por uma das equipes do Consultório na Rua de Curitiba.

“Um dia passei aqui na frente, bati e como ninguém saiu da casa resolvi entrar. Fui falando que era do ‘postinho’ e entrei. O lixo e a sujeira eram alarmantes. Encontrei o Alemão deitado e quase sem forças. Ele tinha abandonado o tratamento do HIV e a tuberculose estava bem avançada”, explica a auxiliar de enfermagem Elizangela Tambosi.

Após a confirmação da doença, a intenção da equipe era de internar Alemão, já que a saúde estava muito debilitada pelas duas doenças. Mas diante da recusa do paciente, a equipe começou a ir diariamente ao local levar a medicação e acompanhá-lo ao Centro de Orientação e Aconselhamento (COA) para fazer os exames complementares e retomar o tratamento da Aids.

“Não lembrava de tomar o remédio na hora certa e me sentia muito fraco. Hoje já estou 80% melhor porque elas me visitam todos os dias e me lembram do remédio. Quando preciso, elas entram no meu quarto e me acordam para tomar. Já nos fins de semana deixam a medicação comigo e o rapaz que mora no quarto ao lado chama a minha atenção para o horário”, conta Alemão, que faz o tratamento há 4 meses.

No imóvel abandonado, que tem apenas luz elétrica, residem sete pessoas que são atendidas pelo Consultório na Rua. Além de Alemão, um dos outros moradores foi diagnosticado com tuberculose.

Casos

Em 2013, foram registrados 420 novos casos de tuberculose na capital, com estimativa de 80% de cura. Quando é confirmada a doença, o paciente é cadastrado no Programa de Tuberculose da Secretaria Municipal da Saúde e também faz o teste para detectar o vírus do HIV. Cerca de 25% dos pacientes com tuberculose também são portadores do HIV.

Dos moradores em situação de rua, atendidos pelo programa Consultório na Rua, estima-se que 10% tenham tuberculose. Seis estão internados no Hospital Regional São Sebastião, na Lapa, que é referência no tratamento da doença. Outros, que frequentam os abrigos da FAS, têm a medicação acompanhada pelos funcionários da unidade.

Tratamento

“Como a tuberculose é uma doença transmitida pelo ar é muito comum que as pessoas próximas ao doente também tenham a doença. Por isso é fundamental que todos façam os exames para diagnosticar o quanto antes a doença”, explica Liza Rosso, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde.

Além do diagnóstico precoce, o vínculo do paciente com a unidade de saúde também é fundamental para o sucesso do tratamento, que dura em média seis meses. “É um tratamento longo e é fundamental que o paciente não relaxe no tratamento, ele precisa tomar o remédio diariamente, no horário certo para a eficácia do tratamento e o vínculo com a unidade de saúde auxilia neste processo”, ressalta Liza.

A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium Tuberculosis ou Bacido de Koch (BK), que afeta principalmente os pulmões, mas também podem ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). A transmissão ocorre por vias aéreas.

A infecção ocorre a partir da inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse,fala ou espirro do doente com tuberculose ativa das vias respiratórias. Os sintomas mais freqüentes são tosse, cansaço excessivo, febre, sudorese, falta de apetite, emagrecimento, dores no peito e escarro no sangue quando a doença está avançada.

O tratamento tem duração de seis meses ininterruptos e está disponível nas 109 unidades básicas de saúde de Curitiba. Os medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo SUS.